Trocar a tela do smartphone ou do tablet pelo lápis e papel pode parecer um desafio para os pais de crianças que já nasceram com acesso a esse tipo de tecnologia. A escrita digital, em todas as faixas etárias, vem substituindo a escrita à mão e não é raro que as crianças tenham sua primeira experiência com a escrita por meio de dispositivos eletrônicos.
Mas é importante saber que escrever à mão ainda é essencial para o desenvolvimento da criança. Habilidades sensoriais e coordenação motora fina são algumas das aptidões desenvolvidas com a prática da escrita à mão. Desenhar as letras e compor palavras ajuda a trabalhar vários aspectos do conhecimento. Precisamos entender também que exercitar a escrita a mão vai além da função motora.
Na fase de alfabetização as crianças começam a usar o lápis e o papel para começar a desenhar as letras. A professora Aluah Bianchi, da Nova Geração, explica que o ideal é que elas iniciem esse aprendizado com as letras ”de forma” ou “caixa alta”. A letra cursiva deve ser incluída mais adiante. “Aqui na escola a gente não trabalha caligrafia com as crianças pequenas em fase de alfabetização, a gente trabalha com escrita cursiva depois que as crianças já estão alfabetizadas”, detalha.
No final do segundo ano é que as crianças começam a escrever com letra cursiva e esse processo de adaptação se estende do terceiro até o quinto ano.
A caligrafia, que deve entrar na rotina de aprendizado da criança por volta dos oito anos, une o gesto motor com o aprendizado da ortografia. À medida que a criança aprende a construir cada letra e combiná-la a outras, passa a formar palavras de um idioma. Quando ela faz as duas coisas de forma legível e com rapidez significa que começa a dominar o processo da escrita à mão e é hora de comemorar antes de avançar para as próximas etapas. Logo logo, passará a construir frases!
A escrita manual é um estímulo necessário para que a criança possa prestar mais atenção à linguagem escrita. As crianças aprendem a ler mais rápido quando aprendem a escrever com a mão e também ganham habilidade para raciocinar e memorizar informações.
Estimular a escrita à mão não significa eliminar a escrita digital. O ideal é equilibrar as duas formas. É o que os pesquisadores chamam de escrita híbrida. O mundo digital não pode acabar com experiências importantes que trarão resultados positivos no desenvolvimento cerebral das crianças. A busca deve ser sempre pelo equilíbrio e é interessante que as crianças comecem pelo desenvolvimento da escrita à mão e, progressivamente, avancem para escrita digitada. Ambas as formas de escrita farão parte da vida dela para sempre.
1- Use a criatividade: não limite a prática da escrita apenas à hora do dever de casa. Convide-a para escrever trechos da música favorita ou de um livro que a criança goste e juntamente com a caligrafia peça para fazer desenhos e colorir. Faça listas de compras e convide a criança para escrever os itens. Escreva junto ou dite as palavras enquanto ela escreve.
2 – Ajude-a a segurar o lápis ou a caneta de maneira adequada: ela vai perceber que há um jeito mais confortável para escrever e não ficará cansada com facilidade. Use um caderno, ou várias folhas para que a base fique mais macia. A letra fica mais bonita e o ato de descrever se torna mais prazeroso.
3 – Organize o espaço: um ambiente adequado é melhor para estimular a escrita à mão. Um lugar organizado, com uma cadeira e uma mesa que permitam a postura correta, favorece a concentração.
4 – Dê o exemplo: Não abuse das telas na frente das crianças. Procure ter uma agenda física para que ela veja que você também pratica. Assim, ela se sentirá estimulada pelo seu exemplo.
5 – Tenha paciência: a habilidade na escrita vem com o tempo. É normal que a criança vá devagar, principalmente com tanto estímulo tecnológico. Dedique um tempo a esse exercício diário e comemore as conquistas.