O conceito de amizade que nós, adultos, temos é muito diferente daquilo que as crianças pequenas pensam sobre ter amigos. Para elas, amigo é qualquer criança com quem podem brincar e explorar novidades com o mesmo entusiasmo. Só depois que crescem, lá pela adolescência, é que passam a entender a amizade como algo mais profundo e a definir como amiga aquela pessoa com quem podem contar nos momentos difíceis e comemorar as vitórias.
No entanto, para construir relações sólidas na vida adulta, as amizades da primeira infância são fundamentais.
As amizades serão uma companhia para brincar, se divertir, descobrir novidades e para resolver conflitos. As relações de amizade vão, desde cedo, ensinar a criança a lidar com os sentimentos. Nessa lista entram todos eles, da amorosidade à raiva.
É nas relações com os pares que os pequenos aprendem a trabalhar questões como a competitividade, desavenças, diferenças de opiniões, perdas, afastamentos e a encarar de forma mais assertiva as relações futuras.
Além disso, o contato com outras crianças vai dar a eles a chance de criar grandes laços para vida toda.
O relacionamento com outras crianças da mesma faixa etária proporciona aos pequenos o desenvolvimento da independência e possibilita que resolvam os próprios problemas, mas isso só é possível sem a interferência direta do adulto.
É comum os adultos limitarem as crianças a tomarem as próprias decisões e isso ocorre indiretamente. Nas situações de conflito, os pais ou os adultos que estiverem por perto devem observar e mediar o conflito, caso seja necessário. A Professora Aluah Bianchi explica que na Escola Nova Geração os professores são orientados a interferir para ajudar a criança a pensar nas soluções. “A gente conversa e pergunta o que ela achou da própria atitude, como o amigo pode estar se sentindo, para levar a criança a uma reflexão”, conta.
Muitas vezes, é difícil conter a ansiedade de resolver o problema da criança, mas a autonomia que é dada melhora a capacidade da criança se comunicar com o outro. Trabalhar a comunicação e estimular as amizades na primeira infância faz com que ela cresça mais aberta e autoconfiante.
Dar autonomia às crianças é algo que a Escola Nova Geração preza muito. “Interfiro muito pouco em roda de conversa, deixo que eles conversem, que eles decidam, que eles resolvam. Se brigou com o amigo, eu digo para ir lá e resolver. A gente tem esse olhar bem atento com as crianças e elas têm autonomia para fazer escolhas” explica a professora Lívia Domingues.
A criança que enfrenta as frustrações desde cedo tem mais condições de se tornar um jovem e um adulto confiante. Ser sempre poupada não a ensinará a lidar com a vida.