Paideia é uma expressão grega que dá origem à palavra pedagogia. O termo grego paidéia (παιδεία) deriva da palavra paidí (παιδί), que significa criança. Para os gregos (incluindo Platão com seu mito da caverna), a paidéia é um movimento de passagem. É abrir-se e lançar-se em direção a novos horizontes.
Observar a Pedagogia sob esse ponto de vista é entender que se trata de um movimento contínuo de passagem ou de aprendizagem que ocorre durante toda a vida. O que se compara ao modo como a criança se manifesta por si mesma, com esse livre movimento de descoberta do mundo.
“Diferentemente do que se costuma pensar em nossa cultura predominantemente tecnicista, a autêntica experiência educativa nada tem a ver com construção. Por se tratar de uma experiência humana, ela não pode ser limitada a um processo mecanicista no qual o conhecimento passa a ser tomado como mero resultado de uma produção. Em sua essência, Educação é árdua experiência de desconstrução. Muito mais que um caminho, ela é a jornada, o movimento rumo ao desconhecido”, explica Paulo Lopes, coordenador do Projeto Bilíngue da Escola Nova Geração.
O entendimento da Pedagogia como um movimento de aprendizagem contínua do nascimento até a morte não é amplamente reproduzido na sociedade ocidental. Ao contrário, a Educação tornou-se objeto de consumo obrigatório, como detalha o educador Paulo Lopes.
“É uma pena que esse sentido mais genuíno de Pedagogia (Educação) como contínuo movimento de passagem (paidéia) do nascimento até a morte tenha sido completamente esquecido na história do pensamento ocidental. Aquele movimento natural e penoso de descoberta da criança tem sido frequentemente reduzido a mero “direito” à Educação, “obrigação” de ser educado ou, em certos casos, apenas mais uma “mercadoria de consumo”. Em todos esses casos, a Educação é mal compreendida e coisificada como um “bem universal e perfeito” a ser acessado, oferecido ou adquirido”, lamenta.
O professor Paulo convida a retomarmos a herança dos gregos e analisarmos a educação de modo mais sóbrio. Para ele, a experiência educativa se mostra como experiência da finitude. “Ela é a evidência de nossa mais plena imperfeição. Aprendemos, pois somos finitos, limitados”, afirma.
A mais autêntica experiência de aprendizagem sempre traz consigo as instabilidades, contradições, incertezas, casualidades, dúvidas e frustrações próprias da existência humana. Neste caso, seria uma ilusão pensar que é possível aprender somente aquilo que dá prazer. Pois, o conceito de paidéia leva ao entendimento de que a aprender é permitir-se seguir por um caminho desconhecido.“Paidéia, enquanto desconstrução, é a corajosa e serena entrega ao caminho do imprevisível, do inexplicável, caminho feito de flores e espinhos, vida e morte, riso e pranto, sim e não, escolha e renúncia. Em outras palavras, o sentido do aprender não é o já conhecido e necessariamente prazeroso, mas sim o misterioso, o oculto e também doloroso. O que move o aprender não é o que já se encontra pronto e determinado, mas o que abre novos caminhos repletos de novas possibilidades”, analisa Paulo Lopes.